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SERVIDORES DA UFRN VIVENCIAM DIFICULDADES ENFRENTADAS POR PESSOAS COM DEFICIÊNCIA

Wednesday 4th of January 2017 11:27:19 AM

Descer escadas, comunicar-se com outras pessoas, andar pela rua ou comer parecem tarefas simples para qualquer ser humano que possa andar, ouvir e enxergar. No entanto, se algum desses sentidos é perdido, as situações passam a ter significados diferentes. Essa vivência fez parte do encerramento da capacitação “Conhecendo e aprendendo a lidar com a pessoa com deficiência”, cursada entre outubro e dezembro de 2016 por servidores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), que foram desafiados a desempenhar atividades cotidianas de olhos vendados. Jornalista da UFRN, participei do momento e compartilho a experiência nas linhas a seguir.
 
Ao nos levantarmos das cadeiras às cegas, fomos guiados para um trajeto que teve como primeiro obstáculo uma escadaria e, durante a descida, utilizamos o corrimão como instrumento de segurança. Fora do prédio da Diretoria de Desenvolvimento de Pessoas (DDP) da UFRN, encontramos novas dificuldades como altos desníveis, calçamentos e carros. A cada passo, descobriam-se novas sensações dos antigos caminhos já percorridos de olhos abertos.
 
Após o passeio guiado por vozes e movimentos corporais, lanchamos no escuro. Mesas, comidas e bebidas eram descobertas pelo tato e por meio da orientação passada pelo servidor Sidney Trindade, cego de nascença, que com seu senso de espaço nos ajudava a chegar aonde desejávamos. Tudo parecia longe, inesperado, inatingível, e a forma simples com que Sidney Trindade encarou a atividade reforçou o seu principal ensinamento de que não devemos ter pena, mas sim respeito e admiração pelas pessoas com deficiência.
 
Depois de tirarmos as vendas, compartilhamos nossas percepções acerca da atividade que foi considerada transformadora. Para o servidor Edivan do Nascimento, o curso não poderia ser fechado de maneira melhor. “Por meio da vivência, conseguimos compreender a importância, por exemplo, de um corrimão na escada. Eu não teria coragem de descer às cegas sem esse recurso essencial, e agora refleti que ele é inexistente em vários lugares. Todo mundo deveria passar por algo assim na vida, colocar-se no lugar do outro”, declarou.

Conscientização para quebrar barreiras
 
A capacitação “Conhecendo e aprendendo a lidar com a pessoa com deficiência”, oferecida aos servidores pela Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas (Progesp) da UFRN, tem como objetivos propiciar a reflexão sobre a presença das pessoas com deficiência nos contextos sócio-educacionais, conhecer suas especificidades, aprender a lidar com elas e contribuir para mudanças atitudinais nas relações interpessoais. A programação e as aulas são coordenadas pela Comissão Permanente de Apoio a Estudantes com Necessidades Educacionais Especiais (Caene).
 
O curso presencial de 50 horas apresenta temáticas sobre as pessoas com deficiência, entre elas as terminologias utilizadas, a legislação, o reconhecimento da acessibilidade, as dificuldades enfrentadas, assim como outros aspectos discutidos para a conscientização dos servidores, que são preparados para entender as necessidades e atender com qualidade o público com deficiência.
 
A servidora Valéria Palheta da Silva assegura que se tornou uma nova pessoa após o curso. “Para mim, é outro mundo que se abre”, cita. Professor da capacitação e presidente da Caene, Ricardo Lins Vieira de Melo avalia que a UFRN está no caminho certo em busca de inserir as pessoas com deficiência na sociedade.
 
Segundo o professor, o curso proporciona ricas experiências e desperta nos servidores a vontade de promover ações que intervenham diretamente junto à comunidade universitária. “Esperamos que os novos capacitados possam replicar as informações nos setores de trabalho e pensar em formas de qualificar cada vez mais a instituição no quesito acessibilidade”.
 
Sobre a Caene

A capacitação para servidores é um dos trabalhos desenvolvidos pela Caene, instituída em 15 de março de 2010 com a finalidade de apoiar, orientar e acompanhar a política de inclusão de estudantes com necessidades educacionais especiais (NEE). Para tanto, propõe ações que visam à eliminação de barreiras arquitetônicas, atitudinais, de comunicação e pedagógicas para garantir o ingresso, o acesso, a permanência com qualidade e a conclusão do curso com sucesso.

Mais de 400 pessoas foram atendidas desde a criação da unidade, que atualmente presta assistência a uma média de 185 alunos e 50 servidores. Entre os apoios oferecidos estão empréstimos de materiais educacionais em diferentes formatos acessíveis, treinamento para o uso de recursos de tecnologias assistivas e disponibilidade de tradutor intérprete da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS).

Sua equipe multiprofissional é formada por assistente social, pedagoga, psicóloga, psicopedagoga, arquiteto, entre outros servidores, já a estrutura física conta com um prédio no Centro de Convivência do Campus Central e o Laboratório de Acessibilidade (LA), integrante da Divisão de Apoio ao Usuário (DAU) da Biblioteca Central Zila Mamede (BCZM). Este último dispõe de acervo digital com textos adaptados de livros, capítulos de livros, artigos de revistas e apostilas.
 
Além de intervir e acompanhar a trajetória do aluno com NEE na UFRN, a Caene busca articular e implementar ações de ensino, pesquisa e extensão para a melhoria do atendimento educacional; atuar junto ao Núcleo Permanente de Concursos (Comperve) para oportunizar o acesso em processos seletivos; e contribuir para o desenvolvimento e fortalecimento da política de inclusão do aluno com NEE na UFRN.
 
Outras informações sobre a Caene estão disponíveis no site www.caene.ufrn.br ou pelos telefones 3342-2232 / 99480-6834.